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O Último Show do Queen!! Eles sabiam? - Desmistificando lendas
Texto de Helio Lima
Muitas sites noticiaram uma data dolorida para nós fãs do Queen. O último show com a formação clássica. O adeus. A entrega da obra da banda em cima de um palco. A áurea que habita nessa apresentação é pesada. Depois de uma gigantesca turnê que varreu a Europa (incluindo dois gigantescos shows em Wembley) o Queen entregava sua última apresentação ao vivo e oficial para um imenso público. Terminava ali uma das mais espetaculares e fabulosas histórias de uma das bandas mais importantes da história da música pop/rock. Mas afinal, absolutamente tudo em torno dessa apresentação e dia, foi mesmo arquitetado? Foi de extrema certeza e organização que os quatro integrantes subiram no palco para a entrega de suas carreiras enquanto conjunto?
Definitivamente, não. Então vamos organizar algumas coisas importantes:
1- O Queen definitivamente não sabia que esse show era o adeus aos palcos. Depois dessa apresentação, a banda permaneceu oficialmente existente (embora inativa por breves períodos) e foi de 1986 à 1991. Seria mais ou menos assim: Estamos em 2016 e estaríamos todos aqui em 2021. Até que de fato nosso Freddie partisse, houve mais 5 anos de muita luta é verdade, para que as coisas permanecessem dentro da mais possível normalidade, embora isso fosse (como de fato se confirmou) algo muitíssimo complicado.
2- 1987 foi um ano de brilho absoluto na carreira solo de Freddie, o que inevitavelmente gerou desgastes e desentendimentos importantes dentro do Queen. Raphael Chermont em resenha sobre o álbum The Miracle, para o site Whiplash, disse muito bem: Em 1987, Freddie (sem bigode) investiu em sua carreira solo e isso só serviu para criarem mais rumores que o Queen tava acabando. Gravou novas músicas, videoclipes, se apresentou em teatros fazendo um musical, cantou em programas de TV, e a maior aventura de todas, Freddie demonstrou seu brilhantismo ao lado da cantora ''Montserrat Caballé'' gravando o álbum Barcelona, com músicas surpreendentes como 'How Can I Go On' e 'Barcelona', música essa que celebraria os Jogos Olímpicos de Barcelona em 92. Não vou me aprofundar muito nessa fase marcante do cara, deixemos isso para uma outra resenha.
Pois bem, como disse, Freddie estava no auge. Não precisava do Queen pra mais nada (pecado dizer isso), sua estrela brilhava como nunca. Mas é inegável que mesmo com os desentendimentos, mesmo com os egos sempre em alta, e mesmo com a ascendência de Freddie, os quatro ainda se completavam. A idéia de um novo álbum surgiu no início de 1988, apenas um ano e meio depois que a turnê Magic fora finalizada e isso foi bom demais, foi bom pra acabar de vez com os rumores cruéis de separação dessa inigualável banda.
Fonte: Queen: "The Miracle" mostra banda unida no "retorno" de 1989 (Resenha - Miracle - Queen) http://whiplash.net/materias/cds/192020-queen.html… Muito bem colocado, certo? Apesar da carreira solo do Freddie ter deslanchado, a conexão da banda aumentou ainda mais, o que foi o motivo para mais 2 álbuns!!!
Fonte: Queen: "The Miracle" mostra banda unida no "retorno" de 1989 (Resenha - Miracle - Queen) http://whiplash.net/materias/cds/192020-queen.html… Muito bem colocado, certo? Apesar da carreira solo do Freddie ter deslanchado, a conexão da banda aumentou ainda mais, o que foi o motivo para mais 2 álbuns!!!
3- 1989 registrou uma queda de rendimento físico de Freddie que inevitavelmente bloqueou qualquer tipo de possibilidade de shows ou aparições em programas. Se em 1987 Freddie Esteve vislumbrante e ativo, durante 1989 a doença atacou severamente nosso herói. Apesar do esforço e da alta produção envolvida, não é preciso ir aos clipes de Innuendo para perceber muitas alterações no físico de freddie já nos clipes do The Miracle. Tecnicamente falando sobre sua voz, ela já está mais frágil no álbum The Miracle, mesmo se comparada ao álbum Barcelona. Façam o teste. Ouçam algumas vezes esses dois álbuns juntos. A diferença na voz de Freddie já é bem visível. Ou seja, definitivamente não houve planos para shows de divulgação desse álbum. Os shows são os clipes e para isso mesmo que a banda escolheu uma grande quantidade deles para serem produzidos. Essa quantidade simplesmente não é por acaso.
4- Roger, Brian e John estavam a beira de um colapso nervoso coletivo. Vamos imaginar que o Queen virou um espetáculo de circo para os tablóides. Todos os passos da banda eram monitorados 24h por dia, 7 dias por semana, o tempo todo e de todos as formas possíveis. Detetives, fotógrafos, anônimos, tudo. De todo tipo de curiosos, não somente a vida de Freddie fora afetada pelos fatos, mas a vida dos quatro membros foram duramente afetada pelos contextos. Ocorre que no meio de tanta confusão de mudanças, ansiedades e muita desinformação, todos eles estavam bem confusos.
Querem um exemplo? A divulgação e condução de marketing do álbum solo do Brian "Back to the Light" é um registro de muitas trapalhadas do guitarrista e assessores, ao ponto dele ser acusado como oportunista. O incomodo era tanto que o próprio Freddie precisou conversar pessoalmente com ele dando "sua bênção" e citando que os fatos ajudariam que ele vendesse mais discos, o que é claro foi uma falácia de um "bom humor negro e britânico".
Roger também até que tentou.... mas sua banda The Cross pouco chamou a atenção da mídia e até hoje muitos fãs nem sabem que isso existiu. Nos aqui sabemos conhecemos e tal, mas isso não quer dizer muita coisa. The Cross foi um fracasso na carreira de Roger, mesmo sendo uma banda super legal e cheia de boas canções.
E John....bem.....(voltando ao ultimo show do Queen) tem a história que ele jogou o baixo e tal. É verdade? Sim. Tem filmado, sim. Ele é louco? Pode ter ficado sim...no mínimo, traumatizado. John sempre teve muitos problemas comportamentais em lidar com a fama e as distâncias de sua família e filhos. John não se dava bem com Brian May. Tem histórias de diferenças dos dois em épocas do The Works... John já deixou a banda falando em um hotel na Alemanha, onde estavam gravando. Ele não avisou ninguém que iria embora e só voltará semanas depois, como se nada tivesse acontecido. John esteve muitíssimo ausente nas gravações do Innuendo, tá? Coisa importante.... ele ia, gravava e sumia. Simples assim.
Para finalizar, a banda passou uns bons anos entre 1986 e 1991 a beira de um colapso nervoso. E pensando e analisando todos esses fatos, é possível perceber que foi bom que eles desistiram de shows, já que não entregariam 100% Do que sempre entregaram nas apresentações. Até nisso o Queen foi exemplo de inteligência no meio do caos. A arte de saber parar e se despedir na hora certa, definitivamente é para poucos.
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