sábado, 25 de maio de 2013

Resenha - Made in Heaven - Queen

1995. Passados quatro anos após a morte do vocalista Freddie Mercury, o Queen ressurgia no cenário musical surpreendendo a todos os fãs e críticos com um álbum póstumo chamado-se "Made in Heaven". Este seria definitivamente o último álbum de estúdio a contar com os vocais de Freddie. Um álbum diferente, no intuito de homenagear uma das maiores vozes que este mundo já viu e ouviu. O resultado disso tudo? Vamos viver juntos nesta resenha.

O ar do momento está para homenagens, emoções e saudades. Este é o principal 'feeling' de 'Made in Heaven'. Imagino o quanto deve ter sido estranho para o trio (Brian May, Roger Taylor e John Deacon) se reunir e trabalhar 'sozinhos' no estúdio, sem a presença imperial de Freddie Mercury. Depois da morte do vocalista, o Queen deu uma longa pausa. Brian May se aventurou em 1992 na sua primeira viagem em carreira solo com o disco e turnê 'Back to the Light'. Roger Taylor gravou seu terceiro álbum solo 'Happiness?', em 1994. John Deacon descansou. Os fãs sabiam que o Queen não seria o mesmo sem Freddie, e após sua morte muitos imaginavam que a banda viveria no mundo das indefinições e das incertezas. O que será do futuro? Quem irá para os vocais? Quando sairá um novo álbum? Perguntas, perguntas e mais perguntas. Pois bem, o Queen decidiu se reunir em 1995 para idealizar um álbum que contaria com algumas músicas inéditas gravadas com Freddie que não foram apresentadas nos últimos álbuns e outras que já tinham sido apresentadas, mas o Queen deu uma mexidinha aqui, outra ali.. É complicado para muitos admiradores do Queen 'aceitarem' que este álbum possa ter sido um dos melhores já feitos pelo grupo. Sinceramente, para os verdadeiros fãs do Queen este álbum representa muita coisa. Para os degustadores do 'velho Queen' pode ser um álbum fraco. Mas este álbum merece uma salva de palmas e uma reverência pela saudosa homenagem que a banda fez para seu vocalista. E sinceramente, o álbum é muito bom. Para os verdadeiros fãs o disco foi literalmente feito no paraíso. É vibrante ouvir faixas como 'I Was Born To Love You' ou 'Let Me Live'. Emocionante ouvir 'Too Much Love Will Kill You' ou 'Heaven For Everyone'. Eu gosto muito, e não descarto de meus álbuns prediletos.

'It's a Beautiful Day' – Uma linda, simples, simplicíssima canção. Ela contém poucos minutos, porém serviu perfeitamente de introdução ao álbum. Nada melhor do que acordar com essa canção toda manhã haha. Experimentem!
'Made in Heaven' – Esta canção foi escrita e gravada por Freddie em seu álbum solo 'Mr. Bad Guy' de 1985. Em uma votação aberta aos fãs, a canção foi escolhida e elegida para nome do álbum. Título melhor não podia ter, encaixou certinho no 'felling' do disco. Freddie na época que gravou sua versão da música se encontrava em seu auge dos auges, tanto na voz quanto na carreira em um todo. Não é a toa que dois anos mais tarde, em 1987, conseguiria gravar canções de ópera com tamanha facilidade com a famosa cantora espanhola Monserrat Caballé, que o vocalista se dizia fã número 1. Mas voltando na canção, reparem que ele alcança tons de voz impressionantes. Coube ao Queen apenas reconstruí-la em uma versão mais rock' n roll e que por sinal valorizou ainda mais a música. Grandíssima canção. Freddie era uma lenda. Ou melhor, é.
'Let Me Live' – Uma das minhas preferidas. É mais uma vez incrível a voz de Freddie. Ele brincou nessa canção, algumas partes notem que parece que existe um cantor de ópera ali. Claro, isso era notável em várias músicas do Queen, porém nessa, não sei, me impressiona muito. E é tão legal essa canção porque quem canta também são Roger e Brian, cada um em uma parte. Todos nós sabemos que esses dois sempre conseguiram satisfazer os fãs com seus vocais. Brian com sua voz angelical e Roger com sua garganta rouca e afinada. Não sei por que nunca lançaram essa canção antes (que supostamente foi gravada nas sessões do álbum ''The Works'' de 1984), mas que bom que se encontrou em ''Made in Heaven''. É uma raríssima canção, tanto no estilo de melodia, quanto na participação estrelar de Freddie, Roger e Brian, juntos, contribuindo um em cada parte na canção. Com toda certeza é presença nas minhas preferidas de todos os tempos.
''Mother Love'' – Chegamos a uma canção bem triste que simboliza definitivamente a última música gravada por Freddie antes de morrer. Brian May em uma entrevista disse que pouco antes de partir, Freddie ainda insistia em cantar, e faria isso até os últimos dias de sua vida. Ao fazer a canção, Brian ainda contou que Freddie pedia para que o guitarrista escrevesse uma parte e após isso imediatamente ele tomava o papel para canta-la e grava-la. Não queria perder tempo. E assim foi até o fim. Mas Freddie não conseguiu termina-la. No final da canção, é Brian que termina. Quando o guitarrista encerra, aparecem uns sons acelerados que contém uma parte de ''One Vision'' e se mistura a improvisação épica que Freddie fez no estádio de Wembley cantando ''Under Pressure'', em 1986, e depois acelera de novo e surge a música ''Going Back'', uma das primeiras músicas que Freddie Mercury (que se chamava Larry Lurex na época que gravou, em 1973) cantou em um compacto seu, entitulado ''I Can Hear Music''. Uma ideia criativa dos produtores da canção, retornam toda a vida de Freddie, do momento mais glorioso de sua vida até o seu simples inicio, em um simples choro de bebê.
''My Life Has Been Saved'' – Chega de tristeza, jogaremos fora um pouco desse ar pois chegou uma canção bem bacana. Uma canção pra acalmar um pouquinho, pois ela possui um ritmo bem gostoso de se ouvir, nada muito rápido, mas também não muito lento. John Deacon, o melhor baixista do mundo (ops!), mandou bem na criação. Não é uma canção inédita, a primeira aparição se fez no 'b-side' do single ''Scandal'', álbum '' The Miracle'' de 1989. No álbum ''Made in Heaven'' a canção possui uma harmonia um pouco diferente, com mais guitarras. Da-lhe John Deacon!
''I Was Born to Love You'' – Opa! Agora sim. Pra quem queria um rock de verdade até aqui, conseguimos um achado. Estamos falando dessa canção poderosíssima que Brian, Roger e John conseguiram recriar em um puro rock n roll no maior estilo Queen. A canção foi reconstruída a partir da versão que Freddie criou no seu álbum solo ''Mr. Bad Guy''. E o Queen acertou em cheio. Na minha opinião, essa versão dá de mil a zero na versão solo de Freddie. Pecado dizer isso né, mas essa versão tá tão boa, mas tão boa, que eu tenho que menosprezar a versão pop de Freddie. Esse cara, como sempre, impecável e cantando como nunca. Guitarras, baterias, baixo. Muito som disso tudo. Esse é um rock característico do Queen, eles sempre gostaram de brincar com esse estilo rock n roll juntando um pouquinho de cada ritmo, seja pop ou ópera, hard ou progressivo. Seja bem vindo ao mundo do Queen!
''Heaven for Everyone'' – Aparece agora uma canção que foi gravada em 1987/1988. Composta por Roger Taylor, que a cantou brilhantemente diversas vezes em sua outra banda ''The Cross'', a canção anteriormente fez parte do disco ''Shove it'' dessa banda de Roger em 1988. Na versão europeia do disco, quem cantava era Freddie. Na versão americana, era Roger. Já se tornava uma das canções mais queridas dos fãs e foi mesmo assim, do nada. Ninguém imaginaria mesmo que ela se tornaria um hino, nem o próprio Queen. Aí você ta começando então a pensar: 'Caramba, esse cara da resenha realmente disse lá em cima que o álbum valia a pena.' Pois é meus amigos, vale e muito. Não somente e especificamente a essa canção, mas em diversas. Essa música pode possuir uma melodia bem simples de se ouvir, mas consegue transmitir facilmente uma sensação de paz, de tranquilidade. A letra inclusive é muito bem feita. Parabéns Queen!
''Too Much Love Will Kill You'' – Ainda tá duvidando se o álbum realmente vale a pena? Ouça essa aqui então. Preparado? Vai lá, coloca a música e aperta o play. Posso começar a escrever? Então se embora. Esse aí que começa a cantar é Freddie, isso você já sabe. Ta sentindo a melodia? Boa né? Freddie continua impecável, a música tá rolando, e acredito que suas impressões perante a música estejam mudando. Enquanto a música ta rolando aí, deixa eu continuar minha resenha aqui. Pois é, será que é possível explicar essa canção? Mais uma que virou uma das queridinhas dos fãs, assim, do nada. Do nada não, pois quando Brian May tocou pela primeira vez no tributo à Freddie, em 1992, quem tava lá já descobrira esta canção tão harmoniosamente bela (que depois esteve em ''Back to the Light'', na voz do próprio Brian, em seu álbum solo). Diferente do que se imagina, essa canção foi unicamente feita por Brian e não Freddie. Brian se auto retratou na canção, na época em que escreveu ele vivia uma fase não muito boa. Seu casamento tinha terminado por causa de uma traição dele com uma amante, resumindo, isso serviu de inspiração e nasceu ''Too Much Love Will Kill You''. A canção faria parte do álbum 'The Miracle', de 1989, foi gravada em 1987, mas na voz de Freddie. Por algum motivo, foi descartada do álbum. Nota-se a voz ainda muito potente de Freddie, mesmo estando no início de sua doença. Concordam comigo que entre o álbum ''Hot Space'' e '' The Miracle'' a voz de Freddie estava extremamente potente e poderosa, em comparação aos velhos anos? Seu timbre era muito forte, eu não entendo de nota musical, mas acredito que ele conseguia alcançar qualquer nota possível, pois era evidente a tamanha facilidade de Freddie ao ousar qualquer canto. Nessa canção não foi diferente. Ele cantou com todo o domínio que possuía naquela garganta de ópera. Respeito a versão vocal de Brian em ''Back to the Light'', mas com Freddie no vocal não tem pra ninguém. Uma curiosidade, até ''Luciano Pavarotti'' se rendeu a essa canção e cantou uma vez com Brian e Roger em 2003. Não preciso falar mais nada né.
''You Don't Fool Me'' – Acredito que esta canção inédita foi produzida especialmente para a década de 90. Os anos 90 também foram muito marcados pelas músicas mais bailadas, estilo dance, músicas mais agitadinhas. E o Queen, que nunca fugia dos gêneros musicais de sucesso das épocas, fez o que tinha que ter feito. Os admiradores do 'velho Queen' irão passar longe dessa, nem vão querer ouvir. Mas entendam, o Queen sempre foi versátil em tudo. Cada um pode ter sua época preferida do Queen, mas devemos entender principalmente que o Queen sempre fez seu próprio estilo. É um crime compará-lo com outras bandas, de diferentes estilos ou ritmos. O Queen é o Queen. Desabafei né? Voltando, a canção não é dance, mas é agitadinha e o próprio videoclipe (com o enredo dentro de uma boate) demonstra o que estou falando. Se vocês querem saber, nessa canção conseguirão encontrar um dos maiores e melhores solos de guitarra que Brian já fez. Aliás, Brian May deitou e rolou nessa faixa, roubou pra ele, seu solo é espetacular. E o contrabaixo de John Deacon? Reparem, não é uma das melhores harmonias tocadas por ele? Mesmo a voz debilitada de Freddie não estraga nem um pouco a canção, sendo esta obviamente uma das últimas músicas cantadas por ele. O refrão e o 'Da da da da dah' de Freddie são bem chicletes. É uma música muito, muito simples, lembro que li em uma entrevista feita com Brian May comentando sobre essa faixa. Ele contou que apesar de simples, foi uma das canções do Queen mais dificeis de se produzir, pois antes de cria-la, eles só tinham em mãos o vocal de Freddie, mais nada. Não sabiam o que fazer. Porém, junto com o produtor do Queen, David Richards, conseguiram pacientemente construir o produto final. E essa canção foi um sucesso, principalmente para o público jovem, pois ganhou muitos remixes na época. Eu gosto muito dessa faixa e eu gosto desses ingredientes novos que o Queen colocava em seu caldeirão (temperados a gosto).
''A Winter's Tale'' – Canção calminha que Freddie fez em homenagem a Montreux, cidade da Suíça que ele tinha um apartamento e lugar que se transformou em seu porto seguro, seu paraíso. Ele compôs inteiramente, cantou inteiramente, diferente do que acontecera com ''Mother Love''. A bateria de Roger não sai de sua batidinha simples, e o solo de Brian é tão suave quanto a voz de Freddie.
''It's a Beautiful Day (Reprise)'' – A primeira canção está de volta, agora mais poderosa e com bateria e guitarras. Muito melhor. Essa pode ser sua segunda opção ao despertar pela manhã, se você tiver dificuldades de acordar e dependendo do seu nível de sono, você vai levantar com essa versão mais rock. Observem, dá pra perceber bem rápido o piano envolvente de ''Seven Seas of Rhye'' tocando ao fundo, quase no final da canção. Yeah!
''Yeah!'' – Pesquisando pela internet, alguns sites colocam o 'Yeah' final da canção ''It's a Beautiful Day (Reprise)'' como faixa do álbum. O disco do Queen não fala que ''Yeah!'' é uma faixa isolada de canção, pelo menos no meu disco não é assim.
Depois do breve ''Yeah'' cantado por Freddie após a canção ''It's a Beautiful Day (Reprise)'', surge uma faixa misteriosa. O som é muito baixo, mas dá pra ouvir nitidamente aumentando o volume uma harmonia instrumental de fundo. É um som cerimonial, os fãs do Queen batizaram essa parte como a passagem de Freddie Mercury ao paraíso, aos céus, ao além-vida. Espiritual ou não, a faixa é bem longa, dura mais ou menos 23 minutos e torna-se a maior faixa musical feita pelo Queen em álbuns. Nenhum membro do Queen explicou sobre essa faixa misteriosa, apenas Brian May contou uma vez que esta parte foi realmente produzida (não é defeito de fabricação, nem mensagem subliminar), pelo produtor David Richards, por Roger Taylor, além dele mesmo. É bem misteriosa meeesmo, dá pra ouvir Freddie falando e cantando coisas indecifráveis em algumas partes.
Após ''Made in Heaven'', o Queen jamais seria o mesmo, para decepção e tristeza de fãs como eu.
Essa foi a resenha do álbum ''Made in Heaven''. Espero que eu tenha conseguido passar com simplicidade cada trecho, com emoção cada faixa, com todo carinho a vocês. Vida longa a Rainha!
1. "It's a Beautiful Day"
2. "Made in Heaven"
3. "Let Me Live"
4. "Mother Love"
5. "My Life Has Been Saved"
6. "I Was Born to Love You"
7. "Heaven for Everyone"
8. "Too Much Love Will Kill You"
9. "You Don't Fool Me"
10. "A Winter's Tale"
11. "It's a Beautiful Day (Reprise)"
Gravadora: Parlophone, Hollywood Records
Produção: Queen e David Richards


Fonte: Resenha - Made in Heaven - Queen http://whiplash.net/materias/cds/180033-queen.html#ixzz2UJ39V7ng

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