terça-feira, 10 de junho de 2014
Harmonia perfeita: erudito e o rock ’ n’ roll.. Um evento que foi um sucesso
Três apresentações, todas lotadas. O sucesso do recital “A Night at the Opera” - um tributo ao Queen - no XVII Festival Amazonas de Ópera (FAO), ano passado, provou que a ópera e o rock coexistem harmoniosamente - e isto agrada. Por isso, a dose será repetida nesta edição do FAO, porém, de forma mais abrangente: ao invés de uma, diversas bandas de rock clássico serão homenageadas por meio do espetáculo batizado de rOCkA. O nome vem da união da sigla OCA (referente à Orquestra de Câmara do Amazonas) com o rock, representado na ocasião pela Immigrant Band.
A primeira apresentação acontece amanhã (02) e as próximas nos dias 3 e 4, todas no Teatro Amazonas. E apesar de suntuoso, talvez o espaço fique pequeno para tanta expectativa. Enche os olhos de qualquer entusiasta de rock n’ roll de raiz o repertório de músicas e bandas que irão ser executadas conjuntamente pela OCA, pela Immigrant Band e com o brilho das vozes de Humberto Sobrinho, do coral infantil do Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro e do Madrigal Ivete Ibiapina. Para citar apenas alguns, estão incluídos sucessos de ícones como Black Sabbath, Rush, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, Paul McCartney, Iron Maiden, KISS e outros.
“O sucesso do tributo ao Queen foi além do que eu esperava e me fez pensar o que poderia ser feito para repetir a dose, mas não de forma literal. Então procurei o mais próximo do clássico dentro do rock. E os rocks feitos nos anos 1960 e 1970 têm uma visão musical sólida, bem elaborados, com arranjos pensados. Muitos já contavam com uma orquestra tocando junto. Percebi que esta já era uma junção do clássico e do rock”, explicou Marcelo de Jesus, diretor artístico do festival e regente do espetáculo.
Para dar o peso necessário, de Jesus convocou a Immigrant Band, especialista em Led Zeppelin, porém, com integrantes altamente ligados ao rock clássico em geral. A proposta do rOCkA, portanto, é proporcionar uma fusão equilibrada entre o rock tradicional (guitarra-bateria-baixo) com o som erudito da OCA.
De acordo com o guitarrista Raonny Oliveira, da Immigrant, não haverá coadjuvantes no palco. “A banda irá tocar as músicas da forma mais original o possível e a Orquestra entra de forma forte e dramática. O maestro [Marcelo de Jesus] fez questão de que Orquestra aparecesse tanto quanto a banda. Para isso, em algumas músicas, o papel da guitarra será feito pelo violino e naquelas que já têm certa orquestração nós iremos dar o peso”, adiantou.
Triagem: um desafio
Ao que parece, a escolha da lista definitiva de músicas foi um desafio para todos os envolvidos. “Enquanto íamos montando o repertório, ficamos dizendo: ‘ah, faltou aquela, é tão clássica quanto’, mas resolvemos escolher hits conhecidos por todos e outras coisas não tão óbvias para unir os dois públicos: quem gosta superficialmente de rock e quem é fã mesmo”, diz Oliveira.
Uma das vozes mais potentes do Amazonas, Humberto Sobrinho é o vocalista principal do rOCKa, assim como foi do tributo ao Queen ano passado. O músico acredita que este tipo de evento é fundamental pois também serve como vitrine. “Acho super importante quando se consegue atingir um público expressivo, porque isso dá visibilidade a todos os artistas”.
Algumas bandas podem até causar estranheza ao primeiro grupo citado pelo guitarrista, a exemplo do Iron Maiden ou KISS, pois imaginá-las com toques eruditos parece improvável. Marcelo de Jesus, no entanto, relativiza as diferenças. “O Iron Maiden e o KISS são super teatrais! Aliás, a ópera e o teatro formaram toda a base da música ocidental. Os caras quando cantam heavy metal, cantam como se fossem tenores de ópera: quanto mais aguda e longa a nota for, melhor é o cara”, exemplifica o maestro.
Arte, antes de tudo
Na opinião de Humberto Sobrinho, tanto o rock como a ópera são artes e precisam ser apreciados. “A riqueza maior está na obra em geral, mesmo quando é algo simples. A arte não precisa ser complicada, ela precisa tocar aquele que está a vivenciando”. E Marcelo de Jesus é categórico. “Minha função é quebrar preconceitos, mostrar que as coisas não são tão diferentes assim. E sou feliz por ter liberdade criativa total dentro da Secretaria de Cultura, que me permite tocar estes eventos”.
http://acritica.uol.com.br/vida/Manaus-Amazonas-Amazonia-Harmonia-perfeita-erudito-rock-roll_0_1148285185.html
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